Fruto do acaso ?
Não pode ser mero acaso que cerca de 700 crianças morram, a cada hora (enquanto escrevo estas linhas, presumo que pelo menos 200 deixem este mundo), antes de complear 5 anos de idade, por desnutrição crônica ou males de saúde agravados pela fome, todos evitáveis.
Menos acaso ainda é que estas crianças sequer sejam dignas de notícia no jornal ou na televisão. Assim como muitas outras "distorções do sistema", elas precisam ser invisíveis, para garantir a perpetuação da sociedade que as gera.
Ressalte-se: invisíveis, sim; excluídas, não. Estas crianças e suas famílias fazem parte da engrenagem que move o mundo, que dá sentido à (des)ordem que, naturalizada de tão reproduzida e imposta, concede a pessoas "especiais" a oportunidade de fazerem turismo espacial (com toda a pompa na mídia) sem que quaisquer questionamentos dissonantes venham à tona - o valor do "passeio" equivale a mais de 50 mil salários mínimos do Brasil.
O termo que designa isso, há mais de 150 anos, é "exército de reserva". O capitalismo precisa dele tanto quanto vendedores de armas precisam de guerras.
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