Olhos abertos para o golpismo da direita fascista
Não se trata nem de face. É uma questão de natureza, de identidade, de modus operandi e de questão de sobrevivência (leia-se: perpetuação nas esferas do poder).
O setor conservador - ou, em linguagem clara, a direita - tem no golpismo uma estratégia central da manutenção da sua hegemonia. A história denota isso. Só nega quem tem o rabo preso com tal setor, bastante amplo e diversificado, hoje capitaneado pela dupla PSDB/PFL, na arena política, e pelos grandes banqueiros, industriais e pelos coronéis "mudernos" do agronegócio, no campo econômico.
Para ficar numa cronologia simples, puxada de memória:
- a independência foi um acerto entre as elites da época. Nada de deixar os ventos revolucionários dos vizinhos sulamericanos contagiarem o povo brasileiro a exigir à força a sua autonomia política;
- novo acordo político para que se consumasse a proclamação da República. Apenas um acordo de cavalheiros, ao gosto da conveniência de então;
- de 1889 até a "revolução" de 30, esse acordo significou a alternância do poder central entre os mais bem aquinhoados de São Paulo e de Minas Gerais. De República, tínhamos apenas o nome;
- com a subida de Vargas, vieram o autoritarismo e as ambigüidades do Estado Novo. Quinze anos de ditadura com verniz (nada mais que isso) social-democrata;
- o retorno da "normalidade" eleitoral não impediu novas tentativas de golpes, como a fracassada ação que visou impedir a posse de JK;
- o "golpe dentro do golpe", com o AI-5 de 1968;
- os pequenos golpes contra a resistência anti-regime, como nas eleições de 1982, quando a Globo ajudou a construir a fraude nas eleições para o governo do Rio de Janeiro, com o objetivo de evitar a iminente vitória de Leonel Brizola;
- sem falar nos golpes realizados a cada eleição, em cada estado e município, que ajudaram a fortalecer e perpetuar o coronelismo e as práticas clientelistas, paternalistas e autoritárias em cada canto do país, excetuando-se aqueles onde a sociedade, a muito custo, logrou derrotar os "curunéis", tradicionais e "mudernos", no campo e na cidade.
Como bem lembra Emir Sader,
"Naquela época, apelavam para os quartéis – eram chamadas de “vivandeiras de quartel” -, das quais a mais conhecida era Carlos Lacerda – significativamente recordada por FHC. Hoje se apela à Justiça. Não querem esperar o veredicto das urnas. Sabem que perdem. Sabem que os milhões de votos de Lula impedem qualquer aventura golpista e por isso tentam desesperadamente, na contagem regressiva para sua derrota, um golpe contra a reeleição".
(ver "Tapetão da direita", em: http://www.pt.org.br/site/artigos/artigos_int.asp?cod=1182)
Eles sabem bem o que é corrupção. Têm pós-pós-doutorado no assunto. Petistas (ir)responsáveis pelos episódios ora denunciados devem ser sumariamente expulsos do partido e afastados do governo. É o que está acontecendo, via de regra. E as estruturas do governo (Ministério da Justiça, Polícia Federal, Controladoria etc.) devem investigar sem qualquer restrição - e sem usar o processo como munição eleitoral - os casos. Felizmente, também é o que está acontecendo, ao contrário do que se via durante o reinado F(MI)HC, no qual ficou célebre a figura do "Engavetador-Geral da República", Geraldo Brindeiro.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home