quinta-feira, outubro 05, 2006

"Nossa democracia está cada vez mais forte"

Este foi o comentário da jornalista Miriam Leitão, ostentado por um largo sorriso, durante conversa amena em seu programa na Globo News, no final de noite desta quarta-feira (4/10).

Ela se referia ao fato de o Brasil ter a apuração mais rápida do mundo, entre outros aspectos (a diminuição da abstenção, por exemplo) que tornam, segundo ela e seus convidados, o Brasil "um exemplo para os países de primeiro mundo".

O tema da conversa eram as pesquisas eleitorais. Os convidados, Carlos Augusto Montenegro, presidente do IBOPE, e um diretor do Datafolha cujo nome me escapa agora.

Não posso deduzir o que a jornalista entende por democracia. Mesmo que ela estivesse se referindo exclusivamente ao sistema eleitoral, o que não era o caso, o seu argumento não resiste à mais leve brisa contestatória.

Afinal, é essa mesma democracia cujo processo eleitoral é comandado por um servidor público completamente desequilibrado para garantir a impessoalidade necessária. O presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, primo e indicado do ex-presidente e futuro senador Collor de Mello, não perde tempo para abrir sua boca e expressar suas posições - sem a necessidade de qualquer conclusão processual.

No suposto caso de grampo em gabinetes de ministros do TSE, Mello não perdeu tempo e disparou logo: "Se partiu de particulares, é condenável. Se partiu do Estado, aí merece a excomunhão maior. E revela a quadra (época) de opressão que nós vivemos". Uma semana depois, a PF comprovou que não havia grampo algum. Mello preferiu ficar calado.

Em relação ao dossiê contra os tucanos, o ministro passou dos limites e afirmou o caso "é algo muito pior" do que o Watergate.

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