Jô "pitbull" Soares ataca a classificação indicativa
Vale a pena ler o artigo da amiga Cris Charão, do Intervozes, em resposta ao ataque violento do humorista e dublê de entrevistador Jô Soares à portaria da classificação indicativa.
A portaria é uma norma de controle social sobre o conteúdo da televisão, que visa proteger os direitos das crianças e adolescentes. Nada que sequer cheire a censura.
O artigo da Cris foi publicado no novíssimo Observatório do Direito à Comunicação.
Além disso, vale ler também uma notícia da Agência Brasil na qual o diretor de programação da MTV defende a norma.
Abaixo reproduzo editorial da Folha de São Paulo de ontem, que ajudar a desmascarar a hipocrisia dos donos das emissoras contrários à classificação indicativa.
MAIS UMA vez, o lobby das TVs conseguiu evitar a adoção das novas regras de classificação indicativa para a veiculação de programas. Cedendo à pressão das emissoras, o Ministério da Justiça (MJ) adiou por 45 dias a vigência da portaria com o novo marco regulatório.
A resistência das redes à classificação não se sustenta. Elas erguem a bandeira da liberdade de expressão, mas pretendem apenas obter salvo-conduto para seguir tratando crianças e adolescentes de forma discriminatória.
As emissoras raramente contestam os critérios utilizados pelos classificadores do MJ. Tampouco fazem grandes objeções a aplicá-los no território abrangido pelo horário de Brasília. O que as incomoda é a necessidade -nesta portaria, explícita- de que a veiculação leve em conta os diferentes fusos horários do país.
Pela norma, uma programação considerada imprópria para menores de 14 anos não pode ir ao ar antes das 21h. Só que, como as TVs não costumam adequar sua grade aos fusos, 21h de Brasília são 20h em Cuiabá e 19h em Rio Branco. Nos quatro meses em que vige o horário de verão a situação é ainda mais grave, pois todo o Nordeste fica uma hora atrás de Brasília e a região do Acre e do oeste do Amazonas acumula três horas de diferença em relação à capital.
No total, 27 milhões dos 61 milhões de jovens de 0 a 17 anos do país vivem em áreas que passam pelo menos parte do ano sob um fuso diverso do de Brasília.
Outro ponto de resistência é a nova padronização dos anúncios indicativos, que, pela portaria, se tornam mais visíveis. Aqui as emissoras traem a precariedade de sua lógica. Alegam que cabe aos pais, e não ao governo, decidir o que as crianças podem ou não ver, mas boicotam a única medida que poderia contribuir para a concretização dessa meta.
As redes têm todo o direito de defender seus interesses comerciais e conveniências de grade. Mas que o façam explicitamente. Não dá para querer arvorar em defesa da liberdade de expressão o que na realidade são conveniências mercantis.
Ainda em fevereiro, o Intervozes divulgou nota sobre esse tema.
1 Comments:
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