O dia do NÃO à oligarquia Sarney
Confirmado. A hegemonia da oligarquia Sarney ficou ainda mais abalada. O governo do Maranhão, pela primeira vez em quarenta anos*, será ocupado pela oposição ao clã do político mais oportunista da história do Brasil.
Nas urnas, o povo maranhense disse não ao pequeno grupo que detém a hegemonia política e econômica no estado mais pobre do país, apesar de possuir um potencial extraordinário de geração de riqueza.
O apelo de Lula, pressionado pelo senador Sarney, homem forte no PMDB situacionista, não foi suficiente.
Neste momento, Jackson Lago (PDT) está com cerca de 52% dos votos. Mais de 99% das urnas foram apuradas. Rose(ng)ana já admitiu publicamente a derrota.
Jackson é apoiado por uma ampla frente que reúne PT, PSB, PCdoB e até o PSDB, que no Maranhão faz oposição ao clã Sarney, apesar de suas lideranças terem sido, no passado recente, sarneysistas da linha de frente.
Nem de longe, para mim, Lago é uma garantia de democratização da riqueza e da transformação das estruturas de poder no estado. Seu grupo domina a prefeitura de São Luís há quase duas décadas e as práticas políticas e administrativas não se distinguem muito daquelas do grupo do senador Sarney.
No entanto, a derrota inédita imposta à oligarquia é valiosíssima e deve ser analisada [o que farei em breve, passado o calor do resultado] sob três ângulos: o eleitoral, o político e o simbólico.
Agora, o jogo está parcialmente indefinido. Serão estabelecidas novas composições de forças
tanto na oligarquia derrotada quanto no campo vitorisioso, que possui tantas diferenças internas quanto afinidades.
Ninguém pode afirmar que a oligarquia foi enterrada. Esta foi (mais) uma derrota, mas os seus tentáculos ainda estão bastante firmes em várias áreas da sociedade maranhense.
Acima de tudo, 29 de outubro de 2006 já entra para a história do Maranhão, como o dia em que o povo disse NÃO à ditadura civil da oligarquia Sarney.
*Não conto o período (2004 a 2006) em que Zé Reinaldo, cria política de Sarney, governou o estado após romper com o seu padrinho. Nem alguns curtos períodos durante a ditadura militar, onde o governador se opôs a José Sarney. Uma boa retrospectiva foi feita pelo jornalista e mestre Walter Rodrigues, de quem discordo nesta eleição (ele votou em Roseana, por motivos também explicitados em seu blog).